sábado, 18 de maio de 2019

PERFUME DE JASMIN

Conto inédito de Dom Muller

Isabela, a Isa, 23 anos, morava sozinha num apartamento de dois quartos na Avenida Bento Gonçalves em Porto Alegre. Apesar de causar frisson aos olhos dos homens, não gostava da fruta. Preferia, desde novinha, o corpinho de jovens do mesmo gênero. No entanto, mesmo tendo possuído umas tantas lindas ninfetas, por nenhuma ainda havia se apaixonado. Isa tinha um incontido desejo de conhecer uma garota sem experiência e, melhor ainda seria, que fosse pura e virgem como uma florzinha intacta no pé.

A curta história de Isa é essa...

Rejane, a Janinha como era conhecida, era uma garota tímida e introvertida. Com dezessete anos, desconhecia, distraidamente, que não havia homem que a visse que não a quisesse. Era, com toda a licença, uma dessas femeazinhas que a gente olhava e mordia a língua sem querer. Entretanto, Janinha não tinha a menor noção de malícia eis que sua criação tinha sido cercada de mimos e até adolescente ainda brincava de boneca com as irmãs. Mas, é claro, a libido já morava naquele corpinho, apesar de inexplorada ser.

Morava no interior do interior do Rio Pardo como dizia o seu avô. Numa casinha isolada no meio da lavoura onde a família plantava fumo, ela foi crescendo ali e vivendo aquela vidinha simples, colhendo jasmins pra fazer perfume e brincando de esconde-esconde nos galpões de secagem do tabaco.

Janinha, pra chegar à escola de segundo grau, caminhava pelo meio da plantação até pegar o ônibus que passava na estrada.

E assim neste ritmo chegou uma hora que a Janinha tinha se formado no ensino médio e os pais se perguntavam: - E agora?

A mãe sempre desejou que ela fizesse Agronomia, mas faculdade pública pra isso só na cidade grande. E a mãe batia pé pra realizar este sonho. Já o pai, reconhecendo a realidade, achava que a Janinha não tinha estrutura e nem maturidade pra viver sozinha em uma grande cidade. Imaginava ele mil perigos pra sua caipirinha, como ele a chamava docemente.

A esforçada estudante tirou altas notas no ENEM e se credenciou por méritos pra estudar em Porto Alegre. A Faculdade de Agronomia ficava quase na divisa da capital com Viamão e, para economizar transporte e facilitar a vida, era melhor morar perto do curso. Com o bolso apertado e com o coração na mão, conseguiram um apartamento lá no finzinho do Partenon, aonde ela dividiria a morada com uma estudante veterana do mesmo curso. Assim, com mil recomendações, num sábado, pois as aulas começavam na segunda, a guria fez as malas e embarcou na antiga Saveirinho do pai e tomaram a estrada. Lá chegando, apesar do pai não ter gostado nadinha das tatuagens da dona do apartamento, se conformara porque era o que tinha para aquele momento.

Isabela, a Isa, com um jeitão descolado, tranquilizou a Janinha sobre a nova vida que levaria e já avisara que naquela noite as duas iriam a um barzinho para que ela conhecesse um pouquinho da vida na capital. Afinal, ela precisava se enturmar com a galera, como disse a Isa.

Depois de muita insistência de uma e certa relutância de outra, foram as duas num bar do Olaria na Cidade Baixa pra descontrair. A música, o burburinho da noite e as luzes da cidade começaram a desfilar para os olhos curiosos da garota. E ela nem reparou, no principio, que no badalado lugar só havia mulheres. E pouco a pouco, meio que atônita e meio que assustada, percebia que elas formavam casais e ainda trocavam carinhos e até beijos na boca. Isa, de novo e entre risos, a tranquilizou dizendo que aquilo fazia parte da vida...

Janinha, apesar de ficar com um pé atrás com o ambiente, dali a uma meia hora começou a achar aquilo tudo meio que normal e logo estava bebendo, pela primeira vez e meio a contra gosto, uns golezinhos de vodca com as gurias. A caipirinha do pai, meio tanto inteira e meio tanto tonta, lá pelas 2 da madruga, já dançava inocentemente com a Isa. Meio soltinha e meio alegrinha pelo efeito do destilado, ela nem reparava que a Isa deslizava mansamente as mãos pelo seu corpinho. Mais adiante, às duas e meia da madruga, a Isa, provando ser uma boa tutora, ensinou sua presa a dançar coladinha. E aí no lento esfrega-esfrega das coxas, a virgenzinha do Rio Pardo sentiu uma estranha e involuntária vertigem e acabou por molhar a calcinha. Suas pernas bambearam, mas ela nada disse à amiga. No entanto, a experimentada Isa, tal qual uma caçadora, percebendo o tremor da gazela, arriscou alongados beijos em seu pescoço e a Janinha, tomada de tesão e um tanto submissa, deixou que a Isa beijasse.

Isa estava prestes a realizar seu sonho, só precisava que a sua menina ficasse mais tonta a ponto de não lhe oferecer resistência. E não se passou mais que meia horinha para a Janinha, entre risos e goles, ficasse do jeito que a Isa queria. E então a língua de Isa invadiu, sem pedir licença, a boca da Janinha. E a boca ofegante de Janinha recebeu a de Isa, enquanto a mão de Isa penetrava sob o cós de sua calcinha. Janinha apertou as pernas num último recurso, mas  quando os dedos de Isa chegaram aonde queriam, ela capitulou e se rendeu ao incontido prazer que aquilo causava.

Às sete horas da manhã, enquanto raiava o domingo, Janinha repousava sua cabeça nos peitos de Isa, nuas na mesma cama, dormindo como duas amantes depois de uma noite intensa de amor.

Naquele domingo quase não saíram da cama e naquela tarde Isa teve a certeza que nenhum homem no mundo teria a pureza de Janinha. No auge dos carinhos sobre o lençol, um vibrador com cheiro de jasmim, nas mãos habilidosas de Isa, penetrava e rompia o hímen angelical da menina. Definitivamente, Janinha era de Isa e Isa era de Janinha...