sexta-feira, 30 de março de 2012

OS CHIFRES INESPERADOS DO DILERMANDO

Catarina, 26 anos, era uma mulher que batalhava que nem doida pra ajudar nas despesas de casa. Casara bem nova aos dezoito e, óbvio, há oito anos dividia as gavetas com o Dilermando, sujeito não muito confiável aos olhos dos outros, porém não aos de Catarina que só tinha os verdes olhos pra ele, o lar e o trabalho.
Catarina, como a maioria das mulheres casadas há algum tempo, era meio desleixada em sua aparência, desprezando maquiagens e outros artifícios que lhe dariam um upgrade. No entanto, qualquer homem com um bom olho clínico, que a visse mesmo desse jeitinho atirado, saberia que ali, com certo traquejo, estava um mulherão de fechar o comércio. Mas essas coisas, o Dila, apelido caseiro do maridão, não reparava. Tanto que até para as obrigações conjugais, dedicava ele não mais do que quinze minutos em uma semana. E cá para nós, era uma trepada meio que burocrática ao estilo papai e mamãe e sem variações. Mas, mesmo assim com essa comidinha doméstica, a Catarina sentia excitação no exercício, talvez até por não conhecer o mercado exterior. Qualquer um que soubesse desse segredo de alcova, diria que a Catarina era uma lamborghini que ainda não tinha sido acelerada em sua potencia total.  
Uma coisa evidente, com alguns anos de casamento, é que, com o tempo, o homem não enxerga mais que sua mulher ainda é gostosa. Talvez porque tenha a fêmea ao dispor a qualquer hora, assim como dizem, a prata da casa, o homem acaba não lhe dando o devido valor, ainda mais no caso do Dila que não podia ver, na rua, um rabo de saia, que logo imaginava o rabo sem saia. Em verdade, o Dilermando era um sujeito galinha ao extremo, coisa que a Catarina, com o seu belo rabo sempre encoberto, desconhecia.
Catarina, além de romântica e dona de casa, era uma excelente manicure, daquelas que não sangrava cutículas, e trabalhava num salão de beleza na Vicente da Fontoura, no velho e bucólico Bairro Santana, atendendo os clientes ali e a domicilio. E foi num sábado desses, de movimento intenso de gente cuidando da cara e do corpo lá no salãozinho, que Catarina soube, com o pé do ouvido na conversa de duas clientes, enquanto cuidava das unhas de outra, os detalhes sórdidos das galinhagens do esposo.
A doce Catarina tudo ouviu quietinha, aguentando no tranco o desgosto da cruel decepção. Mal terminou de pintar as unhas da sua freguesa, tomou o caminho de casa, alegando à patroa um enjoo qualquer. A coitadinha foi chorando pra casa e, entre as lágrimas, imaginando o que fazer diante do fato. Uma coisa era certa, pra separar ela não tinha a mínima coragem, tamanha era a dependência que tinha do cara.
À tarde, naquele mesmo dia, já consumido todo o choro que tinha, Catarina deu uma arrumada na casa como se tudo estivesse normal. Depois de tudo limpinho, atirou-se sobre o sofá para colocar os pensamentos em ordem. Pra começar, deu em si mesma uma analisada geral. Olhou o seu jeans, a sua camiseta, o seu tênis e achou assim, de repente, que tudo estava meio que com validade vencida. Levantou-se, olhou-se no espelho, deu meia volta, deu volta e meia e, decididamente, não gostou do que viu. Resolve tirar tudo ali mesmo e, nua, dá outra olhada geral, de frente, de lado, de bunda, e conclui, com toda a razão, que tinha um corpaço. E, ainda pelada, tendo o espelho por testemunha, sentencia que era uma idiotice completa dar exclusividade da posse de todo aquele volume a um só homem, ainda mais para um imbecil que não merecia.
O Dilermando chegaria mais no iniciozinho da noite, pois nos sábados sempre tinha futebol com a turma, argumento esse e outros que, a partir de agora, pouco interessariam à Catarina.
Ali mesmo na sala, arruma os cabelos e se maquia de um jeito bem provocante. Catarina retoma a mesma roupinha, pega a sua bolsa de marca nenhuma e vai para shopping. Lá, num banho de loja, compra sainhas curtinhas, calças apertadinhas e blusinhas que deixam seus seios arfantes. E para os pés, aposenta o tênis e escolhe saltinhos altos que lhe levantam as coxas E o resto pra cima. Olha-se no espelho, com a nova embalagem, sentindo tesão por si mesma e observa que até a vendedora que lhe atendia fica babando por ela.
Catarina caminha, ou melhor, desfila, pelo corredor do shopping, jogando, numa provocação geral, seu belo quadril pra lá e pra cá, embasbacando os passantes. Os hormônios daquela dona de casa, gostosa e traída, começaram a transbordar pelo corpo. Ela estava afim, definitivamente, assim de repente, a ir pra cama com o primeiro tarado que lhe abordasse...
E uma coisa é bem certa, a qual até muitas vezes não percebem os homens. Quando uma mulher, passa assim deste jeito na contramão, podem ter certeza senhores, ela está, como se fosse um animal na natureza, dando sinais corporais de que quer um macho satisfazendo os seus instintos mais básicos. É quando o cavalo, ou melhor, a égua, passa encilhada e a gente não monta...
E, naquela mesma tarde de sábado, Catarina foi possuída por um sujeito que nem sequer soube o nome. Convidada, aceitou de primeira e perguntada o quanto custava o programa, respondeu, surpresa e sem vacilar, que era trezentos. Negócio fechado, dali seguiram  para um discreto motel, ali  pertinho do shopping Praia de Belas.
Ao invés da mesmice curtinha da trepada caseira, Catarina experimentou duas horas e poucas de intenso prazer. Catarina soube atender com presteza, de tanta energia guardada, tudo o que o cliente queria. A primeira sempre é difícil, até pensou Catarina, mas tinha ela certeza que nas próximas escapadinhas, daria o máximo de si para recuperar o tempo perdido, ainda mais que agora este prazer tinha virado uma inesperada fonte de renda. Por isso, concluiu Catarina, que tinha tanta gente diversificando os negócios.  
Finalmente satisfeita, Catarina toma o caminho de casa pra esperar docemente o marido, pois, afinal, tinha prometido fazer um carreteiro, coisa que ela, como ninguém, se esmerava ao fazer. E, de fato, fez e o Dilermando adorou. À noitinha, o Dila alegando dor de cabeça, dormiu e roncou, só que, desta vez, com um belo par de chifres em sua cabeça.


  

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